segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Crônica Igualdade e Felicidade


                               Igualdade e Felicidade

 “O sonho da igualdade só cresce no terreno do respeito pelas diferenças.”

(Augusto Cury)

            Tantas crenças limitantes nos distanciaram do amor. Visões limitadas nos impediram de promover partilhas com muitas pessoas. É bom lembrar que não nascemos diferenciando as pessoas: crianças são puras e interagem umas por conexões de ideias e ações, por descobertas, movidas pela curiosidade dos aprendizados. Porém, passamos por um processo de socialização, de educação e de vida familiar que nos mostra as igualdades e diferenças entre nós; dessa forma, o questionamento que cabe é: por que diferenças nos separaram por tanto tempo ao longo da história?

            Seria mais fácil termos apenas uma bússola do coração e da mente, chamada “amor”. Ele sim, é ponte entre todos os mundos. Ele tem a função libertadora de sairmos dos nossos mundinhos e enxergar o outro da maneira como precisa ser acolhido. Nesse contexto, o amor é uma arma poderosa de combate do preconceito. E tudo começa com escuta, depois, com a empatia, e tudo isso com respeito às individualidades, às visões de mundo e o direito de cada um ser como é, e não como gostaríamos que fosse.

            Dando enfoque às questões étnicas, cada cultura e fenotipagem de cada grupo de pessoas, dentro de sua origem constituem a beleza do mundo em sua diversidade de cores de pele, texturas e feições, adereços e modos. Lembrando que as tradições culturais e simbolismos dos cabelos, adornos, indumentárias, falares e gestuais, tradições, conduzem ao contexto maior do valor de cada povo e de sua autenticidade.

            Parece tão claro que não se trata de alguém ser o melhor, mas de ser diferente. Porém, houve construções nocivas de preconceitos, repassadas de geração em geração, pela história de opressão e escravidão dos povos, submissão por guerras e também problemas de convivência pacífica no âmbito das movimentações migratórias ao redor do mundo.

            Sendo assim, devemos questionar se o que achamos é fruto autêntico de uma observação crítica ou uma crença limitante que nos impuseram ao longo do nosso convívio em sociedade.

            Vemos com o advento das redes sociais uma crescente onda de ódio que promovem fissuras na união entre os povos e até mesmo dentro de uma sociedade. Infelizmente, muito racismo, xenofobia, homofobia, capacitismo, dentre outros.

            Por outro lado, pode-se levar soluções para esses abusos e ilegalidades a partir do momento em que a internet também pode ajudar a promover justiça, através de denúncias, e ajustes ao promover reflexões tão necessárias a um mundo mais acolhedor.

            É bom reconhecer a base de amor não como o desgaste da realidade, como quando idealizamos algo de acordo com as nossas vontades, mas como um caminho palpável para mudanças realistas e que nos demandam reflexão para a mudança de paradigmas em prol de colocar abaixo os muros que nos separam. Um primeiro passo é tão simples e conhecido: não fazer a terceiros aquilo que não gostaríamos que fizessem conosco.

            Claro que é uma premissa inegável e em um nível mais subjetivo. Contudo, em termos de coletividade e efetividade ao longo do tempo, ações coordenadas de políticas de Estado e de Governo, bases educacionais que tragam reflexões sociológicas e históricas têm sido fundamentais para uma melhor convivência entre os povos.

 A humanidade não tem noção de seu poder quando se une para a promoção do bem, não de maneira contundente e constante, combativa. O que vemos são núcleos de pessoas que carregam causas nobres em seu coração: são legisladores, juristas, coletivos, institutos, organizações da sociedade civil, pessoas públicas, influenciando nas redes e nos canais de televisão, escritores, roteiristas e uma imensidão de pesquisadores e professores voltados aos estudos humanistas. Mas poderíamos ter mais pessoas lutando contra toda forma de preconceito nos espaços escolares, familiares, no mercado de trabalho e na vida social.

As lutas que unem deveriam ser ensinadas a todo momento para novas gerações mais conscientes. Acontece, mas não é uma regra, pois, com as redes sociais, o culto do individualismo ganhou proporções geométricas e o desejo de fama e de influência é avassalador. Pessoas mimetizam gestos, danças e posicionamentos que não representam exatamente o que são e o que gostam. Então como fica a questão da aceitação do próximo se muitos não aceitam sequer a si mesmos, reproduzindo o comportamento de outros que são referências, mas exatamente referência de quê? Não há terreno fértil para reconhecer as diferenças quando um só modelo de ser e aparentar é o ideal. Padrões cruéis aprofundam preconceitos e são verdadeiras torturas psicológicas para os mais novos, principalmente.

O amor não deve ser um mito, pois, de acordo com Platão, ele é um aprendizado. Acredito que aprender a amar ao próximo como a si mesmo, o que é também parte do primeiro mandamento cristão, que inclui, primeiramente, amar a Deus sobre todas as coisas, é algo amplo e pontual. Não vemos expressão de preconceito na base da fé coerente das correntes que postulam o amor como nossa solução para essa existência terrena.

Portanto, que possamos ter discernimento para, através do amor universal e na busca de harmonia entre as pessoas, construir, enfim, um mundo mais humano, solidário e justo para todos, mas que também tenhamos iniciativas para equalizarmos as diferenças e fazer reparações a todas as pessoas que perdem a oportunidade de uma vida mais plena por serem vítimas de preconceito.