domingo, 31 de outubro de 2010

Palestra : Palestra: “Educação Política e Arte”


O professor da Universidade Castilha La Mancha e artista espanhol Marcelo Exposito abriu a programação do segundo dia do Colóquio Regional EAD, Cultura e Produção de Subjetividade. Apresentando diversas experiências, o palestrante falou sobre “Arte e pedagogia: entre a autonomia e a sujeição”.Utilizando-se do espaço físico do local como intervenção, Exposito deixou o palco de lado e sentou-se junto com os participantes, de onde proferiu sua palestra. O palestrante falou sobre o vínculo entre a arte e a pedagogia e exemplificou sua fala com experiências que ele viveu nos últimos anos, através de cursos e grupos de discussões dos quais participou e coordenou.O professor expressou a alegria em participar do evento e chamou a sua presença de “atrevimento de um europeu que veio falar sobre o vínculo entre arte e pedagogia nada menos que no país de Paulo Freire e Augusto Boal, de Hélio Oiticica e Lygia Clark. Atrevimento também por vir tratar de temas de pedagogia frente a um auditório de educadores”.Sobre o tema proposto, o palestrante afirmou que a arte pode efetivamente articular-se com a atividade pedagógica e educativa, fazendo com que essa junção aponte alguns efeitos de estranhamento no interior do sentido comum das instituições educativas. Essa prática faz com que o indivíduo, conformado socialmente, reconfigure a subjetividade contra sentidos socialmente instituídos.“Existe toda uma tradição histórica da prática da arte que consiste bastante em ajudar a mostrar, a desvendar, a visibilizar os dispositivos materiais de poder, contribuindo assim para produzir as possibilidades para modificar as estruturas de poder. E, nessa tradição, a arte consiste em uma prática de análise e de crítica das instituições”, explicou.Para a emancipação, Exposito defendeu o trabalho coletivo em reconfigurar as formas de poder propriamente impostas. Dessa forma, a arte pode ser funcional ao propor protótipos experimentais, formas de intervenções pontuais adequadas a situações concretas.Ao falar dos dispositivos de poder, ele explicou os seus funcionamentos e defendeu uma pedagogia do conflito como algo consistente para o pensamento democrático. “Os dispositivos de poder não consistem necessariamente em grandes sistemas ou estruturas. Uma conferência em um auditório é um dispositivo de poder. Às vezes, as pequenas modificações nos dispositivos produzem grandes revelações e essas modificações consistem, muitas vezes, na tarefa da arte em introduzir elementos de estranhamento no interior dos dispositivos”, afirmou.Após suas reflexões, o Coordenador-Geral do Cead/UFJF, José Aravena Reyes, agradeceu a vinda do palestrante e disse que suas reflexões enriqueceram ainda mais o debate sobre os aspectos políticos e culturais da EAD. “Vimos que as políticas institucionais podem instituir poderes e não queremos fazer da EAD uma máquina de oferecer diplomas”, concluiu.


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