Muito além do Casarão
Imponente...
Neuza
Maria de Oliveira Marsicano
Do ponto de vista arquitetônico e urbanístico, a Avenida
Rio Branco configura-se como um espaço singular no contexto da cidade de Juiz
de Fora. As edificações situadas ao longo da Avenida Rio Branco, requintadas e
seguindo tendências arquitetônicas dos áureos tempos, abrigavam camadas mais
privilegiadas da sociedade que compunham o cenário promissor da nossa cidade, a “Manchester
Mineira”, e dividem hoje espaço com prédios mais modernos, espelhados e
minimalistas, arrojados.. Reafirmando, trata-se de um espaço singular em que
convivem passado e contemporaneidade.
E nesse cenário, há um velho casarão sóbrio em seu
amarelo genovês, que remete ao tempo em que a Avenida Rio Branco era,
puramente, uma sucessão de casarões. E essa edificação constitui significação
histórica, calcada na diversidade das composições e nas abundâncias das
técnicas, dos materiais e da linguagem decorativa de seus elementos.
Um
resistente olhar do tempo que se prontificou em servir à educação e à cultura,
com seus balaústres imponentes, mas com sua sobriedade recatada e firme. Esse
cenário, tão marcante e meticulosamente edificado, foi onde comecei minha vida
como educadora. Sempre chegava naquele casarão, movida também por sua
arquitetura inspiradora: sóbria, firme, delicada e de uma elegância discreta,
que, inconscientemente, moldou também toda minha vida profissional. Assim como
nossos objetivos, um ambiente inspirador nos eleva a alma... assim creio.
Construído
na década de 1920, para abrigar a
residência do Coronel Álvaro Martins
Vilela, e vinte anos depois, vendido, servindo de residência ao Prefeito Dr.
Menelick de Carvalho. Esse
“edifício”, tão afetivamente aqui descrito, foi comprado pelo Governo de Minas Gerais, e até os dias atuais, abriga a Escola Estadual “Duque de Caxias”.
O imóvel foi tombado por ser
exemplar típico daquela região, e traduz, como escola, os ideais educativos e
sociais de seus primeiros proprietários: edificação apalacetada de dois
pavimentos, que se implanta com afastamento frontal. Na área fronteira, nota-se,
o posteriormente colocado, busto de “Duque de Caxias”, numa justa homenagem ao
Patrono do Exército Brasileiro, cuja data de nascimento foi a mesma da criação
do estabelecimento.
São muitas as razões de ser tão marcante a história desse
casarão, então escola Duque de Caxias, que é um pouco da minha história, como
por exemplo, os olhares das crianças diante da minha sala, esperando o
costumeiro abraço, o hasteamento da bandeira nacional às sextas-feiras... Tenho
certeza: em termos de educação pública, a escola fez e faz a diferença em nossa
cidade.
Um bem imensurável da sociedade juizforana, preservando o
passado e cuidando do futuro da nossa cidade, transmitindo conhecimento e valores
para as pessoas que por essa escola passaram e ainda passarão.
Referências bibliográficas
Processo no 4533/97-Difusão de Patrimônio cultural/Funalfa/PMJF/IPLAPLAN.
Regimento Escolar da Escola Estadual “Duque de Caxias”/2013.
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