domingo, 28 de novembro de 2021

Artigo publicado na Revista do Hinstituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora -IHGJF

  



Corrida da Fogueira: tradição, energia, empenho

 

                                                                         Portanto,(...)

desembaraçando-nos de todo peso(..),

corramos com perseverança

na carreira que nos está proposta.

(Hebreus 12:1)

 

A proposta de registrar em palavras sobre a importância da Corrida da Fogueira – tradicional corrida de rua em Juiz de Fora, sob a percepção de uma cidadã juizforana incorrigível, obstinada desportista e participante da competição é um desafio tão grande quanto a preparação e a participação para o evento. De fato, sintetizar a grandiosidade da corrida demanda a difícil escolha de deixar de falar de importantes figuras e fatos marcantes ao longo de sua história.

            De acordo com consulta ao acervo histórico da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, a partir de uma festa junina, caraterizada pela alegria em torno da Fogueira, nos anos de 1940, Vicente Ferreira dos Santos promoveu uma corrida de rua reunindo amigos, para divulgar a própria festa junina no bairro Mariano Procópio.

            Assim, nas palavras do autor, que se debruçou em intensa pesquisa: “no dia 23 de junho de 1942, 47 atletas ouviram o sinal da largada da 1ª Corrida da Fogueira, que teve percurso de 7 km. O vencedor da primeira edição foi Pedro Marciano da Silva, atleta do Mangueira Futebol Clube, da cidade de São João Nepomuceno”, iniciou-se, também, a incumbência de o atleta vencedor ter a honra de acender a fogueira, característica da corrida até os dias atuais.

            Naquela época, não havia muitas corridas de rua sendo realizadas no país, daí que ela se tornou a maior prova do pedestrianismo do nosso estado. Porém, só em 1976, que a disputa passou a contar com a participação das mulheres, cuja primeira campeã foi a atleta Sandra Paula Ferreira.

            Sobre a organização, foram os seguintes passos: desde sua gênese até 1983, sob a tutela de seus criadores; a partir de 1984, passou a ser promovida pelo Departamento de Esportes da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de Juiz de Fora, através do seu Departamento de Esportes; já nos dias atuais é realizada pela Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) da Prefeitura de Juiz de Fora.

            Para se destacar como umas das provas mais tradicionais do país, com mais de 2.000 participantes em edições atuais, já tendo figuras nacionalmente conhecidas, atletas de alto rendimento, trazendo maior efervescência e competitividade crescente, tais como, Viviany Anderson, Geraldo Francisco de Assis, João da Mata e Ronaldo da Costa, dentre outros, a corrida é preparada com carinho, dedicação e respeito ao esporte e aos competidores, através da Secretaria de Esportes e Lazer da Prefeitura de Juiz de Fora (SEL) , contando com uma equipe impecável e de ponta a ponta para cada detalhe e necessidade dos atletas e da corrida, trazendo um show de organização.

            Assim, se por um lado, existe o empenho e a energia dos participantes; por outro lado, a equipe organizadora (empresas parceiras, divulgação, orçamentos, inscrições, logística, entrega de kits e chips, premiações, dentre outros). Em adição, destaque para meu técnico, essencial para ampliar as chances de perfazer o trajeto; são todos merecedores de visibilidade e o apreço. Por isso, um lugar especial  no pódio, hoje dedico a esse grupo de pessoas: a corrida é um exemplo de união de cidadãos juizforanos para o bem comum.

            Portanto, esse pequeno registro, também cunhado na minha vivência e percepção sobre a corrida, não só para o esporte, mas para a cultura da nossa cidade, faz uníssono com todos que se empenham para que eventos esportivos como a Corrida da Fogueira sejam salvaguardados ao longo dos anos. É fazer valer o desejo de vida longa à Corrida de Fogueira pelo seu valor cultural imaterial em nossa cidade.

 

Referências:

1.      CUNHA JÚNIOR, Carlos Fernando Ferreira ET AL. Educação Física, memórias e narrativas em Juiz de Fora, Editora da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG. Novembro, 2003. 2. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE JUIZ DE FORA. Departamento de Esportes.

2.       SECRETARIA DE ESPORTE E LAZER. Acervo do Arquivo Histórico do Esporte de Juiz de Fora

 

 

 

 

 

 


terça-feira, 9 de novembro de 2021

Inhotim: a tríade da Arte– pessoas, sonhos e sentidos

Neuza de Oliveira Marsicano

  “Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte para ver a alma.”

George Bernard Shaw

    Há várias maneiras de conhecer um lugar. Participar de congressos é uma delas. Essa foi a maneira que escolhi para conhecer o Instituto Inhotim; sim, um lugar de sonhos; e constitui-se em um dos maiores acervos de Arte Contemporânea e de Botânica, juntos num só espaço, um grande parque na cidade de Brumadinho, bem perto da Grande Belo Horizonte. 

             Ao receber  o convite para inscrever no Congresso Internacional de Educação, que fez  parte  da rica  programação  das comemorações dos 10 anos de Inhotim, foi a  possibilidade de conhecer lugar mágico. Fiz  logo minha inscrição. Essa viagem me surpreendeu de maneira especial, o que pretendo mostrar ao longo do texto.

             Fui imaginando como seria chegar naquele território recheado de contemporaneidade, diversidade e sinestesia. Por isso mesmo, pensei no lugar e três coisas vieram em mente: vanguarda dos sonhos, do diferente, do inédito, de tudo aquilo na arte que faz contemplar e refletir, sonhar, talvez com um mundo mais cheio de autenticidade, talvez sensível aos problemas da natureza humana, talvez mais empático, ou tudo isso ao mesmo tempo.

            A segunda coisa: território internacional, étnico, de diversidade, onde pessoas do mundo todo, com suas linguagens, vestimenta, interesse e contemplação reúnem-se num espaço único pelo propósito de interação com a arte e a natureza.

            E para compor a tríade de expectativa e realidade, esta muito bem atendida, emerge o diferencial sinestésico de Inhotim: já havia lido e visto descrições fabulosas sobre as inusitadas experiências sensoriais, seja pelo estímulo de som, de cores e de texturas, dentre outros.

            Chegando em meio a uma imensidão verde, notei várias garagens abertas onde se reparavam carros quebrados e me fixei também nas montanhas, com suas entranhas abertas entre a vegetação exuberante e desordenada. Ao cruzar, ao longo dos trilhos de trem de ferro, desativado, eis a chegada  no misterioso museu, que nega todas as regras daqueles convencionais, fui me encantado pela bela e misteriosa paisagem local.

            Abrindo e fechando um pequeno histórico do museu, idealizado pelo mecenas mineiro, o empresário Bernardo Paz, o espaço possui uma estrutura organizada para receber pessoas do mundo inteiro, e, embora haja a necessidade de compra de ingresso para visitá-lo, a exceção fica por conta da quarta-feira, eis o dia democrático...reconfortante. Unindo arte e natureza, o Inhotim foi aberto em 2006, e, segundo informações já recebidas no local, através de seus monitores, desde essa data, o museu recebeu milhões de pessoas, e conta também com lanchonetes, restaurantes, lojinha de souvenir e todo conforto para quem não deseja ou não tem a possibilidade de caminhar a pé ao longo de seus caminhos entre um setor e outro: é que existe a possibilidade de se alugar carrinhos, como aqueles de golfe.

            Com uma  estrutura fantástica iniciou a Abertura do Seminário com Conversa Inaugural, o tema interessante “Educação Humanizadora: Múltiplas Perspectivas”, proferida pelo professor José Pacheco, autor da Escola da Ponte em Portugal, sagrou-se como um momento de encanto. E assim, foram três dias com palestrantes do Brasil e de vários  países da Europa. Ponto de destaque foi o concerto de encerramento do Seminário com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Simultâneo ao Seminário fomos guiados  para visitar os vários pavilhões espalhados pelo museu ,ambientados pela  bela  e  misteriosa paisagem local, e agora passo a narrar alguns momentos marcantes para mim.

            Entre as galerias, o que me surpreendeu mais foi a Forty Part Motet, criada pela artista canadense Janet Cardiff, uma instalação sonora, gravada pelo coro de Salisbury Cathedral, entoando o moteto Spem in Allium, do compositor inglês Tomas Tallis (1505-1585), uma belíssima composição polifônica sacra. É uma reprodução em quarenta canais, cada qual com sua caixa de som, e em pedestal, simulando uma formação espacial humana de um coral. Entrei para ficar um pouquinho...caminhei pelo salão, ouvindo caixa de som por caixa de som, ou melhor, uma experiência de várias categorias de  vozes, a diversidade de um coral completo. Quase não consegui sair...a beleza e a sensibilidade hipnotizante...

            Subindo um dos mais altos morros do lugar, mais um pavilhão que vale a pena ser registrado: O Som da Terra, o Sonic Pavilion, de acordo com reportagem (conf. Elle), consiste num dos trabalhos imperdíveis de Inhotim, levando cinco anos para ser concretizado. Obra do artista americano Doug Aitken, trata-se de um pavilhão oval, com uma cavidade de 200 m de profundidade, em que o ele colocou uma série de microfones. É uma espécie de amplificação do “som da terra”. Tive a experiência sensorial de deitar em volta da cavidade, de olhos fechados, ouvindo um som inédito, mais um som da natureza indescritível.

            Narcissus Garden é uma plataforma em que dois lagos artificiais geométricos em suspenso e interligados, da excêntrica artista japonesa, Yayoi Kusama, conhecida mundialmente pela obsessão pelo tema dos círculos, esferas, já tendo feito a vitrine mais bela de Louis Vuitton em Paris. De acordo com informações do próprio site do Instituto Inhotim, a instalação é composta por 500 esferas de aço inoxidável, que por sua vez, flutuam sobre o espelho d'água do Centro Educativo Burle Marx. Com os vento, pude perceber a movimentação das esferas, num baile de luz e de  variação de formações, que ora se unem, ora se afastam, refletindo toda a natureza em volta, além do próprio espectador. Encantador e incitador de reflexão!

            Não há como deixar de mencionar uma das maiores coleções de palmeiras do mundo, e algumas esculturas que se harmonizam com a natureza. Presença de totens, e outras esculturas espalhadas para que o espectador se surpreenda também com a arte fora das galerias e pavilhões. Experiência de encher os olhos, de encantar os ouvidos, refletir com fotografias cotidianas, entrar em salas monocromáticas ou em salas com projeções: uma ode à sinestesia.

            Deparando-me com os demais visitantes, contemplo a universalidade do encanto com a natureza e a arte, acreditando que ambas podem ser a chave de uma resgate do belo, do humano, do natural, do criativo e da reflexão.

            Deus criou a natureza e o homem, o sonho de um homem, Bernardo Paz, criou uma realidade que é Inhotim, uma realidade que reúne os melhores devaneios artísticos e sua natureza exuberante: obrigada, Inhotim, por existir e ser tão perto de mim, fisicamente e metafisicamente!

 Fontes citadas:

Revista Elle. Edição 280. Ano 24. Setembro de 2011.

 Site do Instituto Inhotim: <http://www.inhotim.org.br/inhotim/arte-contemporanea/obras/narcissus-garden/>. Acesso em: abr. 2017.

 

 

 

 

 

 

 


 

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Como Será o Amanhã: pós pandemia



 Como Será o Amanhã: pós pandemia

Retomar a rotina será maravilhoso. Porém exercer um novo olhar sobre tudo ao meu redor, se antes a intensidade de viver cada momento e a fé eram combustíveis para minha felicidade, quero incorporar a ressignificação de cada fragilidade de tudo e do quanto pode mudar de repente, através da gratidão em forma de gestos, pensamentos e orações Quero ter gratidão em forma de gestos, pensamentos e orações. Quero ter gratidão mediante até mesmo uma dificuldade ou imprevisto como possibilidade de me satisfazer com aa dádiva de estar viva e com saúde física e mental vivendo a vida que escolhi. Haverá um novo significado nos encontros, nos abraços, nos eventos e em cada retorno algo que faz o coração bater forte.Os dias da grande virada estão sempre "por vir", talvez seja hora de não esperarmos mais por eles, e acreditar que estamos sim caminhando sempre em frente. E que essa tal grande virada é tão somente uma nova forma de encarar a vida.

Feliz amanhã a todos!

Neuza de Oliveira Marsicano,

 Professora/ cronista e atleta

 

 

 


segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Namoradeiras Em Terapia

 


Compartilho minha alegria em participar da contracapa desse belo livro da amiga dra. Maria Iris Lo- Bueno.
Desta vez, no divã, as namoradeiras, em confidências, inspiram-nos a captar ângulos do mundo pandêmico atual: a fascinante autora Iris Lo-Buono traz reflexões fluidas e poderosas, com matizes de situações cotidianas, no espectro de um mundo sensível formado por vulnerabilidades e fé. Essa dualidade representa os sentimentos mais complexos do momento contemporâneo. Porém, o fazer poético dedicado e perspicaz da autora, seja na diversidade dos temas ou no jogo de palavras e seus níveis de ressignificação, fala ao corpo e à alma, como ela bem define: “para esperançarmos na âncora da fé”.
Neuza Marsicano: professora, atleta, poeta e cronista. Uma pensadora apaixonada pela vida, pelas Letras, pelo esporte e pela educação!”.